Biografias
Lembro-me de que, quando comecei a trabalhar em edição, os leitores de biografias eram essencialmente masculinos e quase todos os biografados personalidades políticas. A partir dos anos 1980, começaram a aparecer romances biográficos, como os que escreveu, por exemplo, Mário Cláudio sobre Amadeo, Rosa Ramalha e outras figuras, e também biografias, romanceadas ou não, mas sempre de leitura fluente como se de ficção se tratasse. Este género literário ganhou asas e público, e hoje, a par do romance histórico, é dos mais lidos em Portugal, sobretudo quando se dedica à nossa própria História, constituindo um meio lúdico de a conhecer sem o peso de sentirmos estar a regressar à escola. Mas as figuras literárias também não podem ser deixadas de fora e, recentemente, fizeram muito sucesso em Portugal as biografias de Pessoa, por Richard Zenith, a de Agustina (O Poço e a Estrada) pela pena de Isabel Rio Novo, a de José Cardoso Pires (Integrado Marginal), por Bruno Vieira Amaral, e a de Natália Correia (O Dever de Deslumbrar), já com três edições, da autoria de Filipa Martins, que não tem parado de percorrer o País para falar do seu exaustivo retrato de Natália. E houve também quem desse atenção à literatura de outros países, como Cristina Carvalho, que se dedicou a William Buttler Yeats, ou a professora Teresa Montero, que escreveu uma nova biografia de Clarice Lispector (já biografada por Benjamin Moser). Vamos lá ver o que nos reserva este final de ano. Ler e aprender.