Bons ventos de Itália
Embora nos anos setenta se lessem em Portugal muitos escritores italianos (e até antes, mas nessa altura era eu uma miúda), parece que na década de noventa se começou a olhar sobretudo para a literatura anglo-saxónica, e tantos autores de qualidade da bela Itália (com a honrosa excepção de Umberto Eco) passaram ao lado da edição portuguesa. Graças a Deus que mais recentemente a coisa mudou, e basta referir Paolo Giordano e o seu incrível A Solidão dos Números Primos ou a tetralogia A Amiga Genial, de Elena Ferrante (que obteve um retumbante sucesso no mundo inteiro e até se tornou série de TV), para mostrar que o erro cometido no passado foi felizmente temporário. E agora aparecem muitos autores italianos mais jovens, alguns estreantes, como o Paolo Cognetti de As Oito Montanhas (agora também um filme), Bernardo Zannoni com o multipremiado As Minhas Estúpidas Intenções (um hino à leitura) e também a muito promissora Beatrice Salvioni com o seu Malnascida, uma estreia auspiciosa passada na Itália de Mussolini que fala da relação entre duas adolescentes com origens muito distintas (uma é a Malnascida) que se tornam amigas e cuja relação acabará por pôr em risco a vida de ambas: o livro, de resto, começa com um cadáver em cima de uma delas... Muito bem contada, esta é uma história de um tempo que, habitualmente, não pertence à pena de autores mais jovens, o que torna a leitura ainda mais fascinante; e foi outro dos livros que uma leitora deste blog que encontrei à porta da FNAC também tinha comprado...