Booker de ouro
Qual medalha de ouro, o Man Booker Prize lançou a ideia de se eleger o Booker dos Bookers dos últimos 50 anos. E há uma semana, mais coisa menos coisa, o vencedor do último Golden Booker foi um romance divino chamado The English Patient (o autor é Michael Ondaatje, nascido no Sri Lanka mas de nacionalidade canadiana), que ganhara o Booker ex-aequo com Sacred Hunger, de Barry Unsworth, no ano de 1992, e que por cá foi publicado pela Dom Quixote e traduzido com o título O Doente Inglês, embora o filme nele baseado, de 1996, realizado por Anthony Minghella, viesse com a tradução coxa de O Paciente Inglês (e, ainda por cima, o protagonista não tinha mesmo paciência nenhuma, bem pelo contrário, apesar de ter todas as razões para isso). A obra, que tem passagens maravilhosas que o filme não podia manter sob o risco de se tornar chatíssimo (as viagens ao deserto em solitário) foi traduzido em cerca de 40 línguas e deu liberdade ao autor para largar tudo e escrever apenas, como tantos ambicionam. Quando recebeu o prémio, Ontaatje contou que tudo começou com uma cena (um homem queimado a conversar com a enfermeira) que ele julgou ser o arranque de uma novela curta, com muitos diálogos, à europeia. E depois acabou escrevendo mais de 300 páginas fascinantes, à inglesa. Se nunca leu, tome nota.