Brasil-Alemanha
Não, não se trata de um jogo de futebol mas, se o fosse, seria certamente um combate renhido; é coisa mais suave, cordata e amigável, embora seja um negócio, como quase tudo nestes nossos tempos. A senhora Merkel tem interesse em que a literatura alemã seja mais difundida em língua portuguesa – e está no seu direito, claro, até porque pode pagar para isso. E desta feita paga viagens a sete editores brasileiros independentes, alguns dos quais já publicaram traduções de obras alemãs, clássicas e contemporâneas, para visitarem no seu país uma caterva de editores, que lhes vão apresentar a sua produção de autores nacionais. Além disso, os brasileiros contactarão uma agência literária e também o Museu da Tipografia, já que o papel, pelos vistos, ainda há-de fazer muitos livrinhos no futuro, alemães e não só. Os editores do Brasil parecem entusiasmados com o périplo que lhes é oferecido entre 20 e 27 deste mês de Fevereiro, dizendo que é sempre bom conhecer confrades com programas editoriais semelhantes; e que, claro, vão aproveitar, assim como quem não quer a coisa, para apresentar também os autores brasileiros que publicam, esperando que a troca funcione. O pior será se a Alemanha se esquecer de que aqui neste cantinho da Europa também falamos português e vender os direitos mundiais para a língua portuguesa dos escritores alemães aos editores visitantes, privando-nos de uma tradução portuguesa feita chez nous. Mas, uma vez que a senhora Merkel não parece gostar muito de António Costa, é melhor não lhe dar ideias...