Calvinices
Uma das maiores injustiças da Academia Nobel, quanto a mim, foi não ter dado o galardão ao talentosíssimo escritor italiano Italo Calvino, um fabuloso inventor de modos, estilos e universos literários que, além disso, tinha um humor notável. Bem sei que era ainda bastante jovem quando morreu, mas o Nobel já tinha contemplado escritores mais novos (Camus, por exemplo). Já aqui devo ter falado de vários dos seus livros, mas hoje lembrei-me de Palomar, mais outra maravilha de originalidade e empatia. O livro acompanha um senhor chamado Palomar em várias situações (desde as férias na praia até às compras no talho) para nos mostrar que nunca há só um ponto de vista sobre as coisas e que, se formos como Palomar, nunca conseguiremos escolher entre duas coisas de ânimo leve nem deixar o cérebro descansar um segundinho que seja. Basta ler o capítulo sobre a rapariga em top less e as questões que o senhor Palomar se põe sobre qual deverá ser o seu procedimento ao passar por ela para se saber que até à última página vamos ter muito com que nos deliciar. Leia-se este autor, por favor, com ou sem Nobel.