Censurados
A primeira vez que fui a Copenhaga, há muitíssimos anos, talvez uns vinte e dois ou vinte e três, apanhei um ferry para ir a Malmö, na Suécia. A travessia era rápida, a visita a Malmö não demorava muito tempo e, duas horas volvidas, estávamos de regresso e podíamos dizer, todos contentes, que já tínhamos posto o pé na Suécia (país que visitei depois no tempo dos dias enormes e achei bem bonito). Mas hoje Malmö valeria certamente uma visita mais demorada porque tem uma biblioteca bastante original que não havia na altura. Chama-se Dawit Isaak, que é o nome de um escritor preso há mais de vinte anos na Eritreia por se opor ao regime, e só lá há livros censurados. Desde aqueles que a Inquisição mandou queimar aos Versículos Satânicos, de Salman Rushdie, passando por obras aparentemente tão inocentes como Harry Potter, ali estão mais de mil e seiscentos livros que em algum momento e em algum lugar foram proibidos pelas autoridades. Se um dia as viagens voltarem a ser completamente livres e despreocupadas e for a Copenhaga, atravesse até Malmö e vá lá coscuvilhar. Deve por lá haver alguns portugueses...