Cesário integral
No Dia Mundial do Livro, entre muitíssimas outras actividades, foi lançada em Lisboa a obra integral de um dos meus poetas favoritos, Cesário Verde. Curiosamente, a sua organização ficou a dever-se não a um estudioso português, mas a um académico brasileiro, Ricardo Daunt, professor catedrático da Universidade de São Paulo, que veio a Portugal expressamente para participar na sessão, em que falou também a professora Annabela Rita. Além da obra poética completa, revista e ordenada segundo semelhanças formais e temáticas dos textos de Cesário publicados em vida, o volume inclui uma biografia cronológica e ainda toda a sua correspondência anotada. Daunt tem uma admiração profunda por este português que Pessoa considerava um mestre e que foi, segundo ele, um precursor da modernidade na poesia portuguesa, «superando o impasse do modelo realista para criar uma poesia que não se contenta em permanecer no interior da cápsula do real». Tendo Cesário Verde morrido em 1886, sem ter reunido a sua obra, ela foi compilada um ano depois por Silva Pinto, mas houve coisas que ficaram dispersas e, além disso, não havia ainda nenhuma edição que incluísse a biografia e um estudo crítico. Está é, pois, uma boa razão para voltar a Cesário.