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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

14
Set18

Chover no molhado

Maria do Rosário Pedreira

Desculpem chover no molhado, mas tenho esperança de que, debaixo do molhado, haja uma pedra (e água mole em pedra dura tanto dá até que fura). Não aguento mais crianças e adolescentes agarrados a um telemóvel sem trocar um olhar com as pessoas que lhes fazem perguntas ou falam com eles. Passei o Verão a assistir a cenas deste tipo: pais que estão à mesa a querer saber o que querem os filhos comer, e filhos a responder olhando para o estupor do ecrã; grupos de crianças que, em vez de brincarem umas com as outras e irem ao banho, estão mergulhadas num qualquer interminável jogo; rapazes que já tinham idade para ter juízo (16, 17 anos) a quem os pais perguntam com jeitinho, como se tivessem de pedir licença, se eles poderiam desviar só um minutinho os olhos do telefone e tomar atenção. Aquilo é uma droga, convençam-se. É uma dependência. Se alguém que tenha filhos pequenos me está a ler, por favor, doseie o uso dos aparelhos nas mãos da criançada.  Nos EUA, a Direcção-Geral de Saúde afirma que já só 33% das crianças e adolescentes são fisicamente activos (não se mexem, daí a obesidade gritante) e que passam em média sete horas e meia diante de um ecrã (sete horas e meia significa a maior parte do dia útil). Pior: diz que existem no cérebro das pessoas umas sinapses que não estão a ser usadas neste tipo de leitura (em papel, sim) e que «if you don't use, it, you loose it»; por isso, se isto não parar, em duas gerações a humanidade será incapaz de ler livros... Por favor, façam como eu, chovam no molhado. Sejam contra o uso exagerado destes aparelhos e contra a dependência dos mesmos.

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