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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

11
Jun24

Cidade auto-suficiente

Maria do Rosário Pedreira

Cheguei domingo ao fim do dia de Roterdão, de um Festival de Poesia para o qual me convidaram: traduziram-me, aplaudiram-me, vão pagar-me, tudo coisas boas. Claro que a temperatura não era a portuguesa e havia um vento gelado com rabanadas súbitas bastante incomodativo; mas soube que por cá também houve trovoada, pelo que não devo ter perdido muito em dias soalheiros. Roterdão é uma cidade de que os arquitectos costumam gostar, com muitos edifícios realmente assinaláveis; e é também uma cidade "simplex" (para os de lá, claro, pois está tudo escrito em neerlandês), embora me tenha muitas vezes faltado alguém a quem perguntar uma direcção ou pedir ajuda (no metro só há máquinas, ou estrangeiros tão perdidos como eu). Num museu, por exemplo, não havia bilheteira: era suposto, disseram-me, ter comprado o bilhete online! Num restaurante, havia um código para fotografar e ler o menu (pois, mas não havia uma lista em inglês, por isso era difícil escolher o jantar). Tudo foi pago com cartão, ninguém aceita dinheiro para nada (é prático, não nego, mas, se o cartão falha por qualquer motivo, podemos ficar apeados ou em jejum). Já me tinham contado que, em Pequim, até os mendigos têm um código ao peito para a esmola ser paga por transferência via telefone, mas, queridos leitores, eu ainda prefiro falar com uma pessoa, ainda confio mais na pessoa do que na máquina. Este sistema holandês (ou de Roterdão) deve ser bestial para os mais jovens, que abraçaram o digital para tudo e mais alguma coisa, mas nada substitui, para mim, a voz humana, a mão humana. Devo estar decididamente a ficar velha. (O festival correu muito bem, diga-se em abono da verdade.)

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