Cinquentenários...
É estranho pensar que alguém que ainda conserva um certo ar de garoto, e tem um riso malandro quando ouve uma piada, possa ter completado cinquenta anos de carreira literária... Falo de Nuno Júdice, o poeta que é muito provavelmente o contemporâneo mais traduzido e com a obra mais extensa da poesia portuguesa; se não estou em erro, uns quarenta livros, começados com esse título que haveria de mudar para sempre a forma de fazer poesia em Portugal, A Noção de Poema, publicado ainda nos Cadernos de Poesia da Dom Quixote, em 1972, e seguido de Crítica Doméstica dos Paralelepípedos, de 1973, na mesma colecção. Pois bem, para comemorar a bela efeméride, até porque já houve prémios com fartura ao longo do percurso, entre eles o da Rainha Sofia, em Espanha, que não é para qualquer um, nada melhor do que mostrar aos leitores, sobretudo aos mais novos, uma síntese deste incrível projecto literário, na forma de uma antologia que abarca estes cinquenta anos de criação poética e, ainda por cima, é da responsabilidade do próprio autor. Aí está, por isso, 50 Anos de Poesia, uma selecção pessoal pensada e muito significativa, que servirá de puro deleite e, ao mesmo tempo, de excelente introdução para quem precisa de conhecer. Parabéns, Nuno Júdice!