Com Calvino
A Associazione Socio-Culturale Italiana del Portogallo Dante Alighieri (ASCIPDA), que tem por objectivo divulgar e promover a língua e a cultura italianas, convidou-me para participar de uma das sessões que pretendem celebrar o centenário do nascimento de um dos maiores escritores italianos do século XX, Italo Calvino, autor de livros inequivocamente marcantes como As Cidades Invisíveis ou Se numa Noite de Inverno Um Viajante (e a quem falhou inexplicavelmente o Nobel da Literatura, porque ele, sim, era um inventor de livros). A partir da sua obra póstuma, publicada em Portugal com o título Seis Lições para o Próximo Milénio (Lições Americanas no original, pois eram textos de conferências que teriam lugar na Universidade de Harvard), a série de encontros Calvino: Caminhos Invisíveis toma como tema cada uma das palavras-chave destas lições (que são, simultaneamente, algumas das principais questões que deveriam mobilizar os escritores do século XXI). A minha palavra é «Visibilidade», mas não pensem que tem que ver com a visibilidade que hoje se exige aos autores, coitados, «obrigados» a mostrar-se em todo o lado para poderem vingar. Não, no contexto da lição de Calvino, a visibilidade é a forma de tornar algo visível dentro da cabeça, de imaginar, de conceber outros mundos que ainda não existem, uma capacidade imprescindível em quem quer ser um criador de literatura. Amanhã estarei no Porto a celebrar o escritor italiano e, numa conversa com o professor Paolo Andreoni, falarei de inspiração, imaginação, Rosa Montero, psicose, Patti Smith (calculem!) e, claro, Dante e Calvino e a criação de mundos. Se estiverem pelo Porto, apareçam por lá . Até porque serão lidos excertos belíssimos da lição de Calvino.