Complementaridade
Há algumas pessoas extremamente ingénuas que acham que se consegue ser um bom escritor sem ter lido nada. Até já me aconteceu aconselhar um autor que me tinha mandado um original a ler mais (percebia-se pelo que escrevera que precisava muito de ler) mas ele respondeu-me que não gostava de ler, gostava era de escrever (e eu fiquei de cara à banda). Enfim, há que perceber que a leitura e a escrita não existem uma sem a outra e que a segunda só se aperfeiçoa lendo e escrevendo muito. Não há escritor conhecido que não tenha lido imenso (geralmente é o gosto pela leitura que leva alguém a ser escritor). Mas qualquer escritor tem de ler mesmo enquanto está a escrever porque em certos casos é preciso fazer investigação sobre determinados assuntos ou buscar sinónimos para palavras (e o dicionário também é bom de ler, acreditem). Até para uma simples crónica, por exemplo, abro sempre pelo menos dois ou três livros para confirmar isto ou aquilo e não meter a pata na poça, confiando demasiado nas minhas memórias; mas, mesmo que não seja matéria de pesquisa, ler dá-nos ideias, ensina-nos novas técnicas narrativas, aumenta o nosso vocabulário, ilustra-nos sobre a forma como podemos estruturar uma história e por vezes até nos dá vontade de começar uma coisa nova. Stephen King fala de tudo isto em Escrever, um livro maravilhoso para os que estão a começar no ofício de escritores, mas há muitos outros guias que podem ajudar, sendo que todos eles dizem o mesmo: que a leitura é o primeiro passo para quem quer escrever.