Correspondência
Uma das coisas mais tramadas de se viver em Lisboa é não poder ir ali ao Porto num saltinho sempre que acontecem por lá coisas às quais gostaríamos de assistir. Por mim, estaria sempre caidinha em todas as Quintas de Leitura, por exemplo; e agora neste espectáculo cujo anúncio me fez logo água na boca e que acontece hoje mesmo ao fim da tarde, no Foyer do Teatro do Campo Alegre, pela mão e pela voz do grande Isaque Ferreira, que irá ler... Não, não vale contar já a surpresa. O título do espectáculo é, aliás, um tanto ou quanto misterioso: Por assim dizer: correspondências. Já adivinhou? Talvez. Isaque Ferreira reuniu cartas de escritores portugueses e propõe-se lê-las com a sua maravilhosa interpretação. Sabendo de que são capazes os nossos escritores, umas destas cartas trarão queixinhas, outras má-língua, outras falarão do grande escultor que é o tempo e decerto não faltarão também correspondências sobre amores próprios e alheios. O que eu não dava para ir lá escutar e ver esta sessão, até porque a correspondência é coisa que morreu depois da invenção do correio electrónico e é por isso uma preciosidade ainda maior. Se está pela Invicta, não falte. Faça isso por mim.
P. S. Não perca também hoje à noite Tocata e Fuga - Os Dias de Mário Cláudio, um documentário de Jorge Campos, na RTP.