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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

07
Fev14

Cultura e socialite

Maria do Rosário Pedreira

Desde sempre me lembro de haver na minha faculdade (a de Letras, em Lisboa) cursos de Português para estrangeiros durante o Verão. No entanto, certamente por causa da vaga de imigrantes de Leste que chegou já no século XXI, passou a haver aulas de Português para estrangeiros ao longo de todo o ano em horário pós-laboral. Pois foi justamente um dos frequentadores destas aulas – um não-português, portanto, e com a cabeça no lugar – que escreveu recentemente ao director de um jornal uma carta, revelando uma justíssima indignação por a sua professora ter levado para a aula a revista Caras, alegando que Lili Caneças ou José Castelo Branco eram «figuras incontornáveis da cultura portuguesa» (mais dois, suponho, que acabarão com os costados no Panteão Nacional). Sei que «cultura» é um termo demasiado abrangente e que quase tudo cabe nele, do cozido à portuguesa ao futebol, passando pelo queijo da Serra e o cão-d’água que Obama adoptou como animal de estimação. Calculo também que o nível médio dos nossos professores tenha vindo a baixar de modo evidente de há quinze ou vinte anos para cá (não podemos pôr todos no mesmo saco, mas, nos anos em que estive no ensino, eram infelizmente muito poucos os meus colegas que liam regularmente, e menos ainda os que liam literatura). Vejo diariamente que até as publicações mais sérias – já para não falar das televisões, que deixei praticamente de ver – não raro dedicam um espaço escandaloso a figuritas de papelão e enredos de vizinhas. Mas... na Faculdade de Letras, onde deveriam ser promovidos os escritores, filósofos e historiadores portugueses, não conseguiram encontrar ninguém para representar a nossa cultura além destas duas completas aberrações? Eu tinha consciência de que isto andava mal, mas não tão mal como realmente anda.

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