De luto
Durante as férias do blogue (e as dos Extraordinários, na maioria dos casos), morreu V. S. Naipaul, vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 2001 (cem anos depois do primeiro premiado) e considerado um dos maiores escritores britânicos contemporâneos. Nascido em 1932 em Trinidad e Tobago, no Caribe, o autor de Uma Casa para Mr. Biswas, A Curva do Rio (traduzidos em Portugal e publicados inicialmente pelas Publicações Dom Quixote e mais recentemente pela Quetzal) e muitos outros títulos de ficção e não ficção, tinha, ao que se sabe, um feitio impossível e, quando esteve em Óbidos, fez a vida negra ao seu entrevistador, o jornalista José Mário Silva, como este próprio contou a quem não assistiu a essa penosa sessão. Uma das editoras de Naipaul (no fundo, a que o publicou durante mais tempo) diz que ele foi de longe o autor com quem mais lhe custou trabalhar e que, quando Naipaul mudou de editora, ela nunca mais o voltou a ver, apesar das insistências da mulher do escritor; aliás, como revela num artigo do The Guardian, acrescenta, a esse respeito, que «um bom autor não tem de ser boa pessoa» e que, apesar de ele não ser nem de longe um dos autores mais vendáveis do catálogo, a verdade é que os seus livros eram admiráveis. E, a terminar, explica que o grande Naipaul hoje não teria provavelmente a possibilidade de fazer carreira nas letras porque «os editores não podem simplesmente publicar autores que não se vendem»… Tudo certo, mas quem serão então os nobelizados daqui a uns anos? De luto por Naipaul.