De volta com o burro
Já aqui temos falado várias vezes do escritor Paulo Moreiras, de quem publiquei vários livros ao longo da minha vida editorial e que é, como já aqui o disse, um dos primeiros leitores do dia das Horas Extraordinárias, comunicando-me as gralhas encontradas quase sempre a tempo de eu as corrigir antes que cheguem mais leitores. O seu romance de estreia, A Demanda de D. Fuas Bragatela, é um romance pícaro excepcional e marcante; e, além dos romances que se lhe seguiram, Paulo Moreiras foi sempre escrevendo também sobre comida (de que é apreciador, claro), tendo realizado, entre outras publicações, uma espécie de bilhetes de identidade de vários produtos portugueses (fava, morcela, tremoço, etc.) em conjunto com o Instituto de Literatura Tradicional. Mas o seu último romance publicado, O Ouro dos Corcundas, já era de 2011; e as pessoas andavam a perguntar-se que seria feito deste autor divertidíssimo, se ele deixara a escrita para se dedicar a algo mais. Pois bem, ele acaba de lançar os contos que andavam dispersos por revistas e outras publicações num único volume intitulado O Caminho do Burro. Os contos, para o este autor, são, de resto, uma espécie de laboratório onde experimenta diferentes abordagens, formais e não só, que o conduzem então aos seus romances. O meu exemplar já cá canta e tenciono lê-lo assim que acabe o que tenho em mãos. Tendo o Paulo Moreiras voltado a editar, oxalá esteja também na calha um novo romance.