Demais ou de menos
Por causa de um comentário ao post de sexta-feira passada, que mencionava os dois romances de Cristina Drios que tive o prazer de publicar (Os Olhos de Tirésias e Adoração) e «marcava falta» a esta autora, que já não publica há muito tempo, pensei que realmente temos alguns escritores que bem podiam brindar-nos com romances com maior regularidade. Mas, claro, a Cristina viaja bastante, tem uma profissão que lhe rouba muito tempo e, além disso, é bastante exigente consigo mesma. Por outro lado, conheço autores (meus e de outras editoras) que estão sempre a teclar e a entregar livros novos, sobretudo os que não trabalham e querem viver exclusivamente da escrita, ou então têm trabalhos episódicos, mas não um verdadeiro emprego. Percebo que, se é essa a sua paixão, o façam, mas muitas vezes não deixam que os seus livros respirem o suficiente, nem que os leitores cheguem a desejar mais um livro seu, de tal modo os romances saem colados uns aos outros. Há ainda aqueles que, não conseguindo escrever com a velocidade que gostariam, mal entregam o livro querem que seja lido e publicado (como se os editores não tivessem as suas prioridades) e exprimem a preocupação de serem esquecidos pelo público se não publicam de dois em dois anos. Enfim, há de tudo como na farmácia e, embora se diga que tudo quanto é demais é erro, a verdade é que também pode ser um risco escrever de menos.