Diagnóstico
Desde há alguns anos (2010, creio) que os alunos do 2.º Ciclo do Ensino Básico de algumas escolas (no ano passado mais de 68 000 miúdos) realizam testes de Português e Matemática para se fazer um diagnóstico das suas dificuldades e tentar que, na prática pedagógica, se insista num ponto ou noutro. E agora o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) vem dizer que os resultados de 2014 não são famosos: os alunos escrevem com erros, não põem acentos, têm problemas em interpretar e escrever com coerência e – o que é ainda mais estranho, uma vez que o mundo tem sido regido mais pelos números do que pelas letras nos últimos anos – mostram não estar completamente à vontade no que toca a contar dinheiro. Em 2013, a apreensão do sentido de um texto revelou menos problemas – e parece que o que levou a que só 42% dos alunos tivessem em 2014 «o nível máximo de desempenho» se prende com o facto de o texto a interpretar ser um poema (mas o carteiro de Pablo Neruda entendia as metáforas e era quase analfabeto, digo eu). Quanto à ortografia, só 35% dos alunos escreveram correctamente as seis palavras pedidas e só 28% escreveram um texto sem erros; este texto só era coerente em 39% dos casos e só 38% dos alunos revelou um vocabulário adequado. Entre outras más notícias, verifica-se também que baixou desde 2013 a percentagem de alunos que interpretam bem o enunciado de um problema matemático (se calhar por causa das dificuldades com o português), enquanto sobe a dos que não conhecem o significado dos símbolos matemáticos e a dos que ainda se enganam a contar dinheiro. Fico tão estupefacta que nem consigo comentar.