Diário de um gato
Quem me conhece sabe que não vou muito à bola com gatos (pronto, não fiquem zangados, eu sei que entre os Extraordinários há imensos com gatos, mas eu sou mais cães). Também por isso estranhei quando, um dia destes, o jornal que leio em papel todas as manhãs dedicava uma página inteirinha a um gato lisboeta chamado Calvin Esparguete que é, segundo ali se dizia, o mais popular felino da colina de Santana, pois, embora tenha casa e donos, longe de querer ficar repimpado num sofá, o que gosta é de se pirar e fazer amigos pela cidade: a peixeira (pudera!), a merceeira (idem!), outros donos de gatos (que visita regularmente) e até o porteiro do Hotel Tivoli, que contou que este gato citadino, de pêlo cinzento e olhos verdes, só atravessa a Avenida da Liberdade quando o sinal abre, atrás dos peões, não correndo riscos desnecessários. Tem uma coleira com o telefone dos donos (como vai cada vez para mais longe, a dona recebe telefonemas para depois o ir buscar) e já se tornou conhecido dos habitantes da cidade e dos turistas por ser tão bonito e sociável apesar dos seus 16 (81) anos! Mas o que o fez merecer o destaque no jornal é o facto de ser o narrador de um livro escrito pela sua dona, a jornalista Filomena Lança, que passou a escrito as suas aventuras. O livro intitula-se Calvin Esparguete – Diário de Um Gato Citadino e é mesmo para todos os que gostam de gatos. A Dom Quixote publicou.