Dickens mais uma vez
Se perguntarem às gerações mais jovens qual o filme que lhes vem à cabeça assim que pensam em Natal, tenho a certeza de que baterá o record uma coisa muito cómica chamada Sozinho em Casa; porém, no meu tempo, não era assim, e talvez muitos se lembrem de algum dos filmes baseados nessa obra fantástica de Dickens chamada Um Cântico de Natal (A Christmas Carol). Para que conste, entre 1901 e a actualidade foram feitos cerca de trinta filmes, incluindo as versões animadas, uma delas com o Mr Magoo; mas a da minha época, que vi na sala incrivelmente grande do então cinema Monumental (ao Saldanha), chamava-se Scrooge (o nome do protagonista) e tinha como actor principal o inesquecível e várias vezes laureado Albert Finney, que representava como ninguém o papel do avarento, macambúzio, anti-social e anti-Natal, a quem três fantasmas mostram o horror que foi a sua vida (e que pode continuar a ser) por conta da sua obsessão com o dinheiro. Falo disto porque saiu recentemente uma edição deste pequeno romance pela Guerra e Paz, que pode constituir um bom presente para o sapatinho de um leitor jovem que goste de boa literatura. O livro, que tem edições com títulos vários em português (Um Conto de Natal, Um Cântico de Natal...), é uma lição de vida que faz todo o sentido nos tempos que correm, nos quais o vil metal tem um papel demasiado importante na sociedade.