Eco convertido? Nem por isso
O senhor Umberto Eco é, como toda a gente sabe, um acérrimo defensor do livro em papel, que acha o melhor instrumento de aprendizagem e transmissão de conhecimento, defendendo, aliás, que só pode ser maluco quem afirma que um dia desaparecerão os livros em papel. Mas eis que, por ter de fazer uma viagem para os EUA acompanhado de 20 livros que lhe eram indispensáveis à tarefa que ali o ocuparia, decidiu comprar um iPad e (diz ele numa entrevista a um jornal brasileiro) gostou! Porém, quando lhe perguntam se mudou a sua opinião sobre o digital e a Internet, responde que não, que na Internet a informação não é seleccionada, aparece sem hierarquia nem crivo, e que a Wikipédia é um perigo, pois presta um péssimo serviço aos cibernautas que, dificilmente, conseguem separar o que está certo do que está errado. Como exemplo, fala do que circula sobre si próprio e do tempo que perde a corrigir as entradas com o seu nome nas Wikipédias do mundo inteiro. E avança que o excesso de informação provoca amnésia (nunca me tinha lembrado disto) e que filtrar o conhecimento é fundamental para se ser culto, mas um ignorante jamais saberá filtrar, pelo que sugere que, para evitar o descalabro futuro, se crie desde já uma disciplina ou uma ferramenta chamada Teoria da Filtragem baseada na experimentação quotidiana da Internet. Um desafio para as universidades vindo do senhor Umberto Eco.