Eduardo Halfon
Quando se fala de literatura latino-americana de língua espanhola, pensa-se quase sempre em escritores mexicanos, argentinos e colombianos, talvez por serem naturais dos países mais fortes em termos literários e com mais tradição de prémios internacionais e índices de leitura acima da média. Estive em Buenos Aires e fiquei louca com a quantidade de bancas de livros por todo o lado, com El Ateneo, uma das maiores e mais belas livrarias do mundo, e com a quantidade de gente que acorre a eventos literários em museus e bibliotecas. Na Colômbia, onde tenho a sorte de ter uma antologia de poemas traduzida e publicada, vi o interesse genuíno dos leitores, que compareciam às apresentações em Bogotá e Cartagena sem me conhecerem de lado nenhum, e dos jovens universitários numa sessão para que fui convidada; e no México, tive casa cheia em sessões de leitura de poesia e numa conferência que fiz com Rui Vieira Nery sobre fado. Sim, são países muito dados às letras e com muitíssimo bons escritores. Mas não podemos escamotear o facto de o Peru, o Chile e a Guatemala já terem tido prémios Nobel da Literatura, apesar de terem menos autores conhecidos. E é justamente deste último país um dos escritores mais interessantes da actualidade, Eduardo Halfon, de que já aqui falei a propósito de Canção e Luto, mas cujo projecto literário é verdadeiramente fascinante, combinando o registo ficcional com as memórias da família de ascendência libanesa. Não percam hoje, às 19h00, a sua conversa com Lídia Jorge no Instituto Cervantes. Só pode valer muito a pena. Eu vou!