Educar
As grandes empresas como aquela em que trabalho oferecem muitos cursos de formação nas mais variadas áreas (uma das quais a prevenção de ataques cibernéticos, cada vez mais sofisticados), mas também conversas (no meu caso, as LeYa Talks), geralmente com especialistas, com uma duração de 45 minutos a uma hora, na maioria das vezes interessantes. Na semana passada, tivemos uma destas conversas sobre as desigualdades na educação com Miguel Herdade, com quem aprendi muitas coisas e confirmei suspeitas que tinha sobre outras; mas hoje o importante é que todos fiquem a saber que os primeiros três anos de vida são aqueles em que o cérebro mais se desenvolve e que, por isso, se apostarmos em todo o mundo em creches de qualidade para as crianças mais pequenas, elas estarão desde logo mais preparadas para o futuro e isso significará, a longo prazo, melhor emprego e melhor desempenho. Segundo Miguel Herdade, que estuda o assunto, pode haver uma diferença cognitiva entre ricos e pobres aos três anos de idade de cerca de vinte meses (os ricos estão muito mais adiantados por comerem melhor, terem pais mais cultos que podem ajudar na aprendizagem, melhores educadores nas creches onde são estimulados etc.). Sobre o caso português (Miguel Herdade vive em Londres e falou do caso inglês por comparação), a realidade mostra que a creche, longe de ser um lugar de estímulo e conhecimento, é mais um lugar onde os pais vão depositar os filhos para poderem ir trabalhar, e uma das provas disto é que os infantários públicos estão dependentes do Ministério do Trabalho, e não do Ministério da Educação. A par deste facto, o segundo elemento mais importante para o desenvolvimento das crianças e adolescentes são os professores (e em Portugal a falta de professores é crítica) e os dados dizem-nos que um bom professor reduz de 50% para 10% o número de negativas numa turma. Dois dados importantes em que os governos deviam pensar: um ensino pré-escolar de qualidade e professores realmente com uma boa formação e com vocação.