Escândalo
Por causa de alguém que pôs no Facebook um artigo sobre os ghost writers portugueses (aqui, se lhe apetecer ler ou reler: http://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-05-08-Os-fantasmas-que-escrevem-os-livros-dos-famosos), lembrei-me de uma história que há uns anos se passou em Espanha e que fala dos riscos de recorrer a alguém assim, que não assina o livro que escreve (além, claro, de a pessoa poder abrir o bico e contar a verdade). Uma senhora da socialite quis por força escrever um desses romances cor-de-rosa moderninhos e contratou um ghost writer que, por acaso, era o próprio cunhado. Só que o jeitoso nem escritor-fantasma foi porque, na verdade, praticamente não escreveu uma linha: retirou parágrafos de variadíssimas obras já publicadas (entre elas, muitos romances da prolixa autora norte-americana Danielle Steel) e construiu um mosaico ao qual só foi necessário acrescentar as ligações (confesso que deve ter sido preciso talento para construir uma história a partir do já feito). Ignorante de tal procedimento, a autora (?) famosa convidou a mulher de José María Aznar, então primeiro-ministro, para lhe apresentar o livro, o que aconteceu. O pior foi o vexame para ambas quando uma leitora aficionada da senhora Steel começou a perceber que já lera aquilo em qualquer lado e resolveu denunciar a situação. Suponho que a senhora não mais dirigiu a palavra ao cunhado… E a editora teve de tirar o livro das lojas imediatamente. A senhora Aznar, acredito, nunca mais aceitou apresentar um livro.