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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

09
Fev17

Escritores ambulantes

Maria do Rosário Pedreira

Li há tempos no El País um interessante artigo (de Leila Guerreiro, escritora que já foi às Correntes d’Escritas) sobre a circunstância de os escritores em todo o mundo estarem a ter cada vez menos tempo para escrever. Sim, é isso: hoje, ser escritor não se resume a produzir obra, a promoção é considerada parte integrante do processo e isso acaba por fazer com que muitos autores andem todos os meses de malas aviadas para um sítio qualquer, respondendo a convites de feiras, festivais, bibliotecas, escolas… no país onde vivem e no estrangeiro. Conta o dito artigo que um autor espanhol que já tenha algum gabarito recebe entre 20 e 35 convites por ano e que, se os aceitar a todos, estará cem dias fora de casa (e, provavelmente, sem escrever, embora haja quem leve o portátil e se ajeite a fazê-lo em quartos de hotel). Pode ser compensador em termos de conseguir novos leitores, mas alguns dos entrevistados confessam ter dúvidas sobre se vale a pena sacrificar a escrita à promoção, até porque depois de viagens mais longas há sempre um período de ressaca em que não são capazes de criar ou, se têm um emprego, o monte de coisas que têm para fazer no regresso é aterrador. Há, porém, quem refira que escrever é uma actividade solitária e por isso a ida a festivais é positiva, permitindo estar com os pares e trocar opiniões; mas há também quem discorde e ache que as mesas-redondas podem distrair do essencial, que é o livro, e o público gostar de ouvir os autores, mas não os ler. E, ainda assim, muitos escritores que não são convidados regularmente ficam ressentidos e, embora com o tempo por sua conta, não se importavam nada de trocar com os que andam sempre de mala na mão…

 

Em tempo: Ontem só consegui voltar ao blogue à noite e fiquei horrorizada com alguns dos comentários, sobretudo vindos de quem diz gostar de ler, a um post que era, acima de tudo, sobre a etimologia da palavra «forasteiro»; este blogue é sobre livros, edição e língua portuguesa. Preferia que continuasse assim. Até porque para falar de certas coisas e arreganhar os dentes há outros blogues mais apropriados.

4 comentários

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    António Luiz Pacheco 09.02.2017

    Tenho a maior mágoa de não ter podido conhecer Torga... o que quase aconteceu, pois cacei no mesmo grupo que ele, e sinto-o presente nas sombras e barrancos, nas encostas e cumeadas do Vale da Ursa ou dos Carrascais, do Monte de Vinha...
    Dizem-me, quem com ele conviveu, que era ensimesmado mas gostava de ouvir o velho Fonseca contar as suas histórias e velhacarias, aliás gostava de escutar, sobretudo os companheiros mais simples - o que não me espanta. Dizem que muito pouco falava... era correcto, educado mas pouco dado ao convívio, pensativo e observador.
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    albertino.ferreira 09.02.2017

    Do Torga li " Os Bichos"-1941, "Novos Contos da Montanha"-1945 e "Poemas Ibéricos"- 1981.Se quiserem saber mais há na net um pequeno ensaio de Rolando Galvão de 13 páginas sobre o Homem e as suas Origens, Os Outros, A Pátria é Um Íman, Coimbra e a Tradição, Política e Políticos, O Escritor e a Obra.
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    Anónimo 09.02.2017

    Caro Albertino, se puder não deixe de ler "A Criação do Mundo" e os "Diários" que, na minha opinião, são indispensáveis para melhor se conhecer este grande escritor.
    Também recomendaria o livro "Eu, Miguel Torga", do espanhol José María Moreiro.
    Antonieta
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