Excerto da Quinzena
Alegria precisa-se
Concordo com o Gonçalo M. Tavares quando diz que uma das coisas realmente importantes é a alegria. E dou comigo a pensar que conheço muito poucas pessoas alegres (não confundir com "eufóricas" ou "patetas-alegres", ou algo do género), a começar por mim, como se ser alegre estivesse fora de moda ou fosse um estado difícil de assumir, por uma razão qualquer. Por exemplo, no meu caso, o que sinto por vezes é uma alegria breve, embora seja o bastante para me pôr em andamento, como o motor de uma máquina. É a força da alegria de que fala o Gonçalo que nos empurra para a frente. Já a tristeza tem o poder de imobilizar, ou abrandar, ou mesmo bloquear qualquer movimento vital. Em mim, num só dia podem gerar-se os dois sentimentos. No sábado de manhã tive a aleria de encontrar a Maria Gil. [...] A alegria breve deste encontro anulou a tristeza de "duas baixas" no meu círculo de amigos, embora não habituais nem muito próximos, por mal-entendidos que não consegui desfazer [...]
Dina Ferreira, Os Dias de Uma Ex-Livreira à solta