Fado e literatura
Os Extraordinários conhecem já a minha relação com o fado e, do mesmo modo, com a fadista Aldina Duarte, que é uma verdadeira intelectual do fado e uma mulher que relaciona de forma consistente a sua arte com as outras, especialmente com a literatura. Depois de discos como Contos de Fados – em que os fados eram baseados em obras literárias ou lendas e mitos – e de Romance(s), em que se contava uma história de amor em catorze fados com duas abordagens musicais completamente distintas, chega a vez do CD Quando Se Ama Loucamente, lançado mais logo, às 18h30, na Fnac do Chiado e integralmente inspirado na obra da escritora Maria Gabriela Llansol (excepto o fado assinado por Manuel Cruz, dos Ornatos Violeta). Este é um disco também, arrisco-me a dizê-lo, terapêutico (como os meus poemas o foram para mim) e fala das feridas de um amor maior interrompido sem explicação. Quem partiu deixou, porém, para trás um livro de Maria Gabriela Llansol, e é justamente a partir desse e de outros livros desta escritora tão singular que surgem as ideias e frases que servem de mola e epígrafe a estes fados, maioritariamente – como não podia deixar de ser neste caso – da autoria da própria Aldina Duarte. O fado e a literatura juntos mais uma vez. Eu vou espreitar e ouvir. Apareça também.