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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

08
Jul15

Falta de tempo?

Maria do Rosário Pedreira

Muita gente que não tem hábitos de leitura alega falta de tempo para não ler. Pois bem: há muitas desculpas mais válidas, entre elas ser preguiçoso ou simplesmente não querer dar-se ao trabalho de exercitar o cérebro. Não é, porém, por falta de tempo que não se lê. Desencanto num outro blogue uma lista de quase meia centena de títulos de qualidade reconhecida – e para gostos muito distintos – que podem ler-se integralmente num fim-de-semana por terem todos menos de 200 páginas; e alguns são, de resto, considerados obras-primas da literatura universal. Desde logo, o celebérrimo Animal Farm (traduzido entre nós como O Triunfo dos Porcos), que é de leitura aconselhada até para adolescentes; mas, se o acharem pouco suculento (é tudo menos isso), têm à disposição coisas mesmo para adultos, como O Amante, de Marguerite Duras, Um Quarto Que Seja Seu, de Virginia Woolf, O Grande Gatsby, de Scott Fitzgerald, ou mesmo Breakfast at Tiffany's (que deu um belíssimo filme com Audrey Hepburn), de Truman Capote. E, se os livros lhe metem medo, experimente um livro no qual os livros estão em extinção, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, por exemplo. De autores mais recentes, ainda vivos, a lista inclui Amsterdão, de Ian McEwan – que recebeu o Booker Prize – e O Sentido do Fim, de Julian Barnes, de que já aqui falei há mais de um ano. E também pode fazer uma viagem com O Velho e o Mar, de Hemingway (curta, mas intensa), ou com O Americano Tranquilo, de Graham Greene, antes que o autor passe de moda. Há muito por onde escolher – e a falta de tempo não serve de desculpa para não se atrever ao prazer e ao conhecimento.

2 comentários

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    Joaquim Jordão 08.07.2015

    Continuo inquietado.

    Ainda assim, vá lá que encontrei no Expresso on-line de 18 junho este texto de José Saramago, “Verdade e Ilusão Democrática” (1991) que, ao menos, aponta um caminho.

    Cito: «(...) afirmo que os povos não elegeram os seus governos para que eles os “levassem” ao mercado, e que é o mercado que condiciona por todos os modos os governos para que lhe “levem” os povos.
    E, se assim falo do Mercado (agora com maiúscula), é por ser ele, nos tempos modernos, o instrumento por excelência do autêntico, único e insofismável poder realmente digno desse nome que existe no mundo, o poder económico e financeiro transnacional e pluricontinental , esse que não é democrático porque não o elegeu o povo, que não é democrático porque não é regido pelo povo, que finalmente não é democrático porque não visa a felicidade do povo. (...)

    (...) O sistema de organização social que até aqui temos designado como democrático tornou-se cada vez mais numa plutocracia (governo dos ricos) e cada vez menos uma democracia (governo do povo) (...)

    (...) Que fazer, então? Deixar de considerar a democracia como um dado adquirido, definido de uma vez e para sempre intocável. Num mundo que se habituou a discutir tudo, uma só coisa não se discute, precisamente a democracia. (...)

    (...) Pois eu digo: discutamo-la, meus senhores, discutamo-la a todas as horas, discutamo-la em todos os foros, porque, se não o fizermos a tempo, se não descobrirmos a maneira de a reinventar, sim, de a re-inventar , não será só a democracia que se perderá, também se perderá a esperança de ver um dia respeitados neste infeliz planeta os direitos humanos.»

    ... ...

    ... E pensar que, tendo isto sido escrito há já uns 25 anos, continuamos num mundo onde tudo se discute, excepto a maneira de reinventar a democracia...

    ... E pensar que, afinal, de um modo geral por todo o mundo, incluindo as zonas ditas mais civilizadas, duas décadas e meia depois aumentam aceleradamente o empobrecimento de cada vez mais pessoas, a desprotecção social, etc ...

    ... E pensar que, em contrapartida, o capitalismo financeiro internacional prospera à custa dos juros que cobra aos Estados que foram politicamente empurrados para o endividamento, e também graças às privatizações dos inúmeros serviços públicos que, apesar de erguidos à custa dos impostos cobrados aos cidadãos, foram deliberadamente mal geridos pelos Estados...
    ... E pensar que, entretanto, já vai em 60 milhões o número de pessoas refugiadas ou à procura de asilo devido à perseguição, violência, conflitos ou guerras...

    ... E pensar que, não obstante, a visão dos milhares de corpos negros afogados no Mar à nossa porta como formigas que uma criança dilui num copo de água, é um pequeno espasmo diário, uma mera inquietação, de que a televisão ou as redes sociais logo nos aliviam com outra notícia, outro tema, outro comentário...

    Em suma: continuo inquietado.
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