Férias grandes
Agora, que vêm aí, para a maioria das pessoas, as desejadas férias (infelizmente, já não as grandes, que duravam quase quatro meses e davam para tudo, até para desejar o regresso às aulas), já estou a planear as minhas leituras. Não me lembro, porém, de os professores me mandarem ler livros ou fazer trabalhos nas férias quando era pequena, porque, na verdade, férias tinham de ser um tempo para brincar e descansar, mesmo que para algumas crianças ler fosse também uma brincadeira muito apreciada. Recordo-me de alguns livros que li nas férias em miúda (oh, como chorei com O Meu Pé de Laranja Lima, lido em Agosto em São Pedro do Estoril aos nove ou dez anos); mas, para dizer a verdade, além da praia de manhã e de irmos para o pinhal à tarde, onde as mães conversavam ou faziam crochet sentadas em cadeiras de lona e nós jogávamos às escondidas e apanhávamos amoras das silvas, do que gostava mesmo era de andar de bicicleta, de pescar rãs num pântano perto de casa, de explorar uns baldios, de dar saltos das pranchas na piscina, enfim, de actividades ao ar livre que implicavam não parar quieta. Por isso, achei muita graça um dia destes a alguém que partilhou, contente, os trabalhos que a professora do filho mandou para férias. Partilho-os convosco. Podem ser um bocado melosos, não digo que não. Mesmo assim, abençoada professora.