Ficheiros Secretos
Já tive vários computadores desde o meu velhíssimo Schneider, de 1990, com disquetes que se metiam numa ranhura no teclado e gravavam o documento. Quase sempre troquei de máquina quando apanhava um susto (até um copo de água entornei num portátil) e percebia que ela já estava mesmo a dar o berro; mas não me lembro de ter alguma vez perdido coisas demasiado importantes. Mesmo assim, gostaria de ter voltado a alguns desses discos em busca de rascunhos e coisas começadas, pois na verdade, nunca se sabe quando vem uma ideia boa para as continuar... Num velho computador de José Saramago, por exemplo, encontraram recentemente um novo Caderno de Lanzarote, o sexto e último, escrito no ano em que o escritor recebeu o Prémio Nobel da Literatura (1998). O ficheiro, na verdade, esteve sempre lá, numa pasta maior. No entanto, Pilar del Río pensava que só estavam dentro dela os cadernos publicados, até que um estudioso da obra de Saramago precisou de vasculhar os ficheiros dos cadernos (talvez para realizar buscas, que são muito mais práticas no ficheiro digital do que no exemplar em papel) e se descobriu uma pasta que tinha o número 6! Vamos poder saber o que escreveu o nosso Nobel nesse ano tão especial para ele (em que deve ter sido convidado para tudo e mais alguma coisa) no próximo mês de Outubro. O diário será lançado durante um congresso que dedicado ao escritor que assinala o vigésimo aniversário do recebimento do galardão. Imagino que, a par do contentamento, também tenha havido momentos de angústia e de um grande cansaço. Veremos.