Finais
Um dia destes, já não sei que alma azeda falava por aí de alguém que tinha ganho prémios só por ser amigo de A e B. Outros defendem que ganham sempre os mesmos, desde que tenham livro novo. Há pelo menos um ensaio publicado em que se tenta provar que as capelas funcionam e que os jurados votam nos amigos e já está. Pode ser, efectivamente, que num ou noutro caso aconteça e até já me contaram há anos a história de que, em dois anos distintos, um prémio específico foi dado a quem estava a precisar de dinheiro (e não deixa de ser bonita esta humanidade, porque os livros em causa eram bons). Enfim, como só fui membro de um júri uma vez e nada vi de estranho (a não ser num concorrente que não queria ficar com o segundo ou o terceiro lugar para poder concorrer a outro prémio com aquele livro), deixo isso a quem queira andar a chafurdar ou se sinta vítima de injustiça. Eu cá o que quero dizer hoje é que os finalistas e o vencedor do último Prémio de Novela e Romance da Associação Portuguesa de Escritores deste ano foram, quanto a mim, bastante inesperados. Além de H. G. Cancela (A Noite das Barricadas), autor que já arrecadou o galardão e foi finalista de outras vezes (mas é um autor pouco conhecido do público), concorriam os escritores Valter Hugo Mãe (Contra Mim), Djaimilia Pereira de Almeida (As Telefones), Teresa Veiga (Cidade Infecta) e João Tordo (Felicidade), todos vencedores de outros prémios, mas nunca deste. E ganhou Valter Hugo Mãe com o livro que é o menos romance dos seus romances. E esta?