Fosse
Quem compra o jornal Público à sexta-feira tem a sorte de poder ler um dos raríssimos suplementos culturais portugueses: o «Ípsilon». E na sexta-feira passada era matéria de capa a entrevista feita pelo crítico e escritor José Riço Direitinho, especialista em literatura nórdica, a Jon Fosse, de quem aqui falei a propósito de Manhã e Noite e, mais recentemente, Trilogia, que foi, de resto, considerado o melhor livro de 2021 por quase todos os críticos literários portugueses. Mas a entrevista permite-nos ir mais fundo na vida literária do escritor norueguês, que é considerado acima de tudo um dramaturgo, mas que conhecemos mais pela sua «prosa lenta» (é como o próprio chama à ficção). Há surpresas relativamente ao seu processo criativo (o partir para a página em branco sem ideia nenhuma do que vai escrever porque tudo tem de ser uma novidade também para ele) ou o seu pensamento religioso ou filosófico (diz que confia em algo que não consegue descrever, seja na vida, seja na escrita, e que não tem problemas nenhuns em chamar-lhe Deus). Prefere Hamsun a Ibsen e fala também de Knausgard, que foi seu aluno. Uma entrevista com várias pérolas para guardar.