Dizem que todos somos marcados pela infância que tivemos – e isso é mais do que certo para José, o protagonista de O Caçador do Verão, o novo romance de Hugo Gonçalves (publicado cerca de dois anos depois do aclamado Enquanto Lisboa Arde, o Rio de Janeiro Pega Fogo). José nasceu e cresceu no seio de uma família um tanto desequilibrada – e, mesmo que o tente, não poderá esquecer aquele Verão em que a mãe o deixou numa aldeia algarvia em casa de uma desconhecida e se foi embora com um namorado para Espanha. Valeu ao rapaz a companhia de um trio de irmãos muito singular (e que são das melhores personagens do romance), estar no epicentro de uma aventura aliciante – a fuga da prisão uma perigosa quadrilha – e, por fim, ter um avô com a cabeça no lugar, que o vai recuperar ao fim de umas semanas e se portará doravante como seu pai. José, hoje quarentão e sem mãe, quer – por todas as razões – fugir a estas memórias magoadas, mas não consegue: o avô, com quem não fala há anos, convoca-o para uma reunião no lar onde vive. Afinal, que lhe quererá? Pois, é preciso chegar à última página para o saber... História séria mas com bons momentos de humor, triste mas com uma alegria muito terna, O Caçador do Verão é também um regresso a um certo Portugal que queria ser europeu, desconhecendo ainda o que isso tinha de perigoso.
5 comentários
João J. A. Madeira 12.06.2015
"É que a Rosário é muito apelativa...". É, de facto. Eu , que odeio fazer sinopses do que escrevo, precisava de quem as fizesse assim por mim. Porém, será que quero? É que, tal como a Beatriz, sob a chuva de recomendações, chego à Feira do Livro e acabo por comprar outras coisas.
E não é bom sermos pessoas?!:). Saí toda feliz com as compras imprevistas e mais as previstas. Estão ali sobre a mesa, pesados, densos, folhas e folhas incógnitas. E eu num soslaio repetido, a pensar, quilos que hei-de converter em horas. E não sei porquê, esta ideia simples é uma amarra. A cada um suas âncoras.
A Beatriz tem um modo de escrever que me agrada muitíssimo, tanto na forma como no conteúdo. Não vou esquecer estes "quilos de livros convertidos em horas de leitura". E será que a Beatriz quer partilhar connosco o que comprou na Feira? :-) Antonieta
Pois...comprei o previsto "Os irmãos Karamazov"; e não trouxe o primeiro volume de "Em busca do tempo perdido". Mas, imprevistamente, adquiri Só" de António Nobre e "Apocalípticos e integrados" de Umberto Eco; acrescentados de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e Dom Casmurro" de Machado de Assis. É claro que encontrei mais uns quantos que me agradaria trazer. Mas temos de deixar alguma coisa para o ano:)