Grandes ideias
No prefácio a Livros, título do novo projecto do cantautor João Afonso, o jornalista Carlos Vaz Marques escreve que «cada livro tem dentro dele uma música própria à espera de quem a escute» e que «nos seus melhores momentos, livros e canções são fruto da mesma raiz». Tem razão. João Afonso, como explicou recentemente em entrevista à TSF, resolveu pegar em livros que tiveram uma importância decisiva na sua formação e musicou-os, transformando o seu trabalho num objecto muitíssimo especial, que é um livro/CD de 70 páginas com contributos de vários artistas plásticos, ilustradores, fotógrafos e autores portugueses, de André Letria a Isabel Rio Novo, de Henrique Cayatte a Jorge Silva Melo, de Augusto Brázio a Ricardo Araújo Pereira, para citar apenas meia dúzia. Com arranjos de Miguel Fevereiro, estas canções literárias vestem-se de voz e guitarra e inspiram-se em obras juvenis como O Principezinho, Tintim ou A Ilha do Tesouro, mas também em livros mais exigentes, como Metamorfose, de Kafka, A Relíquia, de Eça, ou mesmo os enormes clássicos como a Bíblia ou a Odisseia. Mas que boa ideia esta de casar música e livros! Estou morta por ouvir.

