Grandes novidades
O Nobel da Literatura para Bob Dylan foi uma decisão francamente inesperada – muito saudada por uns, muito criticada por outros. É bem possível que essa decisão tenha sido, de resto, o princípio das dissensões no comité Nobel que redundaram em despedimentos e adiamentos. E agora o Man Booker Prize deu um passo igualmente inovador ao introduzir na lista de candidatos a um dos mais importantes prémios para uma obra de ficção em língua inglesa a novela gráfica Sabrina, da autoria do norte-americano Nick Drnaso, autor que já tinha sido bastante elogiado com a sua obra de estreia – Beverly – e, com este segundo livro, chegou definitivamente «ao céu». Tanto quanto percebi, a história tem que ver com o desaparecimento de uma rapariga na sequência de ter combinado com a sua irmã Sandra um fim-de-semana no Lago Michigan; e – entre outras coisas – fala de teorias da conspiração, verdade e mentira, ausência, medo, manipulação tecnológica e redes sociais (na era Trump). Parece-me que pode ser uma obra muito interessante, que recebeu o louvor de numerosos jornais e revistas e americanos e está a ser igualmente bem recebida pela crítica britânica, que a classifica como uma mistura de Don DeLillo com Jim Jarmusch e reconhece a literatura atrás de uma história com palavras e desenhos. É a primeira vez que um cartoonista entra na lista do Man Booker Prize e, mesmo que não passe à shorlist, já entrou para a história.