Há bens que vêm por mal
Neste Natal, como de costume, passei várias horas com adolescentes e gente nova e reparei que são mesmo meninos-excepções os que não vivem a olhar para o ecrã do telemóvel e a digitar mensagens a toda a hora, quando não a ver vídeos que mostram uns aos outros constantemente. O digital tomou conta do tempo das crianças e jovens que, por vezes, estando ao lado uns dos outros, comunicam através do telemóvel. Mas esta coisa que nos trouxe tantas vantagens (no meu ramo de actividade foi incrível poder apagar e reescrever um texto sem mudar de folha e, se necessário, recuperar até versões anteriores de um texto gravadas num ficheiro antigo) tem afinal estado a deixar muita gente para trás. Isso mesmo dizia o jornal Público num artigo recente, baseado no boletim estatístico da Comissão para a Igualdade de Género, no qual se explicava que, apesar de alguns desenvolvimentos, o digital está a deixar as mulheres cada vez mais para trás (deixo o link abaixo); e, do mesmo modo, os mais velhos que não conseguiram «informatizar-se» (sobretudo fora dos grandes centros) e que estão a ser claramente prejudicados pela transição digital na área da saúde (ponho também o link deste alerta para quem queira ler). Além de tudo quanto tenho andado a pregar sobre o facto de a digitalização ser responsável por um decréscimo da leitura e da linguagem, agora mais estas. Mas como é que uma coisa que nos facilita tanto a vida pode complicá-la tanto ao mesmo tempo?