Imprevistos
No dia 23 do mês passado, saí de carro de Lisboa pela hora do almoço em direcção ao Porto, onde decorreria, na FNAC de Santa Catarina, a primeira apresentação pública do romance Rio do Esquecimento, de Isabel Rio Novo, finalista da última edição do Prémio LeYa. Fazia sentido: a autora mora a norte, e é lá que estão seguramente quase todos os seus familiares e amigos. Para dissertar sobre a obra – decerto exemplarmente – estaria o grande Mário Cláudio, o que, aliás, vinha também a propósito, já que conheci Isabel Rio Novo através dele e o romance deixa ver alguma influência da literatura do mestre, e também de Agustina, e também de Camilo. Mas – de forma imprevista e imprevisível – Mário Cláudio tinha nesse dia uma daquelas gripes que não deixam ninguém levantar-se da cama e ligou para mim e para a autora meia hora antes do lançamento com uma voz a condizer com a febre, explicando que não conseguiria mesmo estar presente, mas mandaria entregar as suas notas numa folha A4 na livraria. Eu, partindo delas e com a colaboração da Isabel Rio Novo, dei conta do recado o melhor que sabia e podia, mas, claro, não tenho a aura nem a inteligência do escritor e, como tal, a autora ficou a perder. Hoje, porém, vamos fazer a festa em Lisboa com a ajuda de Nuno Júdice, que terá certamente muito a dizer e espero não adoeça com gripe até lá. Se quiser juntar-se a nós, venha e será muito bem-vindo.