Já a ladrar
Há cerca de um ano comprei os direitos de um pequeno romance colombiano que achei admirável e muito contra-corrente. Duro, dramático, trágico e profudnamente humano. Chama-se A Cadela e a sua autora, Pilar Quintana, viveu anos na área onde se passa a história, uma zona paupérrima e húmida na costa do Pacífico (e estamos sempre a sentir a chuva no corpo enquanto lemos). O argumento prende-se com uma mulher que não consegue engravidar e, depois de muito sofrimento, resolve substituir o desejado bebé pela última cadelinha de uma ninhada. Não esperem, porém, nada de querido e amoroso a partir daqui, porque nem sempre os cães (ou os filhos) correspondem ao que idealizam as respectivas mães. Soube recentemente que A Cadela está já a ladrar fora de portas. Este livro incrível é finalista de um prémio de peso nos EUA: o National Award, na categoria (introduzida apenas em 2018) de livros traduzidos. E fico aqui em pulgas, a fazer figas e a rezar para que a talentosa Pilar Quintana vença e, claro, possa vir vistar-nos assim que o estupor do vírus permitir.