Ler e ver teatro
Quando eu era mais nova (e não gostava de calhamaços), costumava ler peças de teatro que havia em casa dos meus pais (Morte e Vida Severina, As Três Irmãs, Fedra, textos de Beckett, Claudel, Eugene O'Neill...), mas penso que hoje as pessoas quase não compram livros de teatro, especialmente os jovens, a quem faria muito bem ler/ver algumas peças. No jornal britânico The Guardian, que tem sempre uns rebuçados para quem tiver paciência para o consultar, encontrei um artigo muito interessante sobre como ocupar de forma criativa filhos adolescentes em confinamento, e uma delas bem pode ser proposta à filharada aborrecida dos nossos Extraordinários: representar uma peça com os amigos por Zoom, mesmo que alguns deles estejam do outro lado do mundo. Distribuem-se os papéis, combinam-se ou não as vestimentas (mas tem graça usar chapéus ou outros adereços para surpreender os outros) e, à hora certa, cada um lê as suas falas. No fim de uma hora ou duas está a peça lida por todos e de certeza que se divertiram. Os monólogos é que não dão para ensaiar, pois a convivência, mesmo virtual, é o que apaga a maçada de se estar fechado em casa. Prometam que vão tentar. Os dramaturgos, mais do que nunca, precisam de leitores.