Ler na retrete
Em tempos que já lá vão, trabalhei numa editora que publicava em Portugal, por acordo com uma congénere brasileira, algumas obras cujos direitos mundiais para a língua portuguesa tinham sido adquiridos por esta última, inibindo uma edição em Portugal. Os mercados eram diferentes, bem sei, mas mesmo assim havia uma série de livros de auto-ajuda que vendiam muito dos dois lados do Atlântico (a série Marte & Vénus, de John Gray, cujo primeiro título tinha estado mais de 250 semanas seguidas na listas dos livros mais vendidos nos EUA). Foi num título desta colecção que li (como se ninguém o soubesse) que os homens e as mulheres eram diferentes e que havia coisas tipicamente femininas e tipicamente masculinas. Não se ofendam os leitores machos deste blogue, mas entre as últimas constava o hábito de levar revistas ou livros para a retrete... E, se falo disto, não é para insinuar que, ao contrário das mulheres, os homens confundem literatura com m..., mas apenas para abordar uma notícia que a Kobo, fabricante de dispositivos de leitura digital (os e-readers que a FNAC vende), recentemente divulgou: O novo Kobo Aura H2O é à prova de água! Ora, como não nos estou a ver a ler na praia enquanto nadamos, nem de garrafa de oxigénio às costas a consultar guias de peixes enquanto realizamos pesca submarina, pergunto-me para que serve realmente um e-reader à prova de água senão para esses acidentes que têm acontecido a alguns com os telemóveis – deixá-los cair sem querer na retrete em certas alturas menos próprias... Pois bem, os homens modernos e amantes da tecnologia já podem ler e-books à vontade na casa de banho sem medo de perder o resto do livro num momento de distracção.