Língua portuguesa em crise
No mesmo dia em que leio a notícia de que a UNESCO oficializou o dia 5 de Maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa, leio também como esta é tão maltratada nas nossas televisões. Em tempos, trabalhou comigo uma rapariga que tinha feito uma especialização em legendagem e tradução e se queixava de não arranjar colocação em nenhum dos canais existentes porque o trabalho era realizado havia anos pelas mesmas pessoas, que levavam pouco e por isso não eram substituídas. Eu não vejo muita televisão, embora já tenha apanhado erros cabeludos nos rodapés; mas desconhecia que estes são cada vez mais regulares; e Isabel A. Ferreira, no blogue O Lugar da Língua Portuguesa, conta: «A legendagem em Portugal é uma vergonha nacional. Diz da pobreza cultural e linguística em que o país está mergulhado.» E a seguir fala de «ignorância«, «analfabetismo», «falta de brio profissional» e, claro, da «forretice dos empregadores, que pagam uma ninharia». Então, o problema persiste? Pior, agrava-se: no artigo de Isabel A. Ferreira mostra-se a fotografia do ecrã de um telejornal da SIC em que, no rodapé, além de uma falta de concordância entre sujeito e predicado (que também é cada vez mais comum, mesmo na oralidade, em entrevistas), a palavra «produzido» aparece «pruduzido»… Enfim, criam-se especializações para quê, se depois o trabalho é sempre para quem leva menos dinheiro? Não há profissionalismo... nem vergonha. E a língua portuguesa ressente-se.