Livrarias e cinema
Declarada a supremacia da imagem relativamente ao texto, os livros estão mesmo a ficar para trás e a ficção a ganhar terreno na forma de séries televisivas. (Uma tristeza, claro, para quem, como nós, adora o cheiro dos livros e gosta de pensar e ver dentro da cabeça enquanto lê.) Isso tem levado a que um número bastante grande de livrarias e editoras tenha tido de fechar portas nos últimos anos ; e, se as crises económicas não ajudaram, a pandemia foi outro drama para quem deixou de vender ao longo de meses (ainda há dias se anunciou o fecho da Cotovia). Mas dessas situações mais dramáticas é também possível fazer arte; e, no âmbito do festival Indie, hoje pode ver-se no Cinema Ideal, em Lisboa, às 19h30, um documentário que promete ser interessante. Chama-se The Booksellers, assina-o D. W. Young, e nele se fala das livrarias (e dos livreiros) de Nova Iorque desde os anos 1950, em que o número de estabelecimentos quase chegava às quatro centenas, e os nossos dias, em que, infelizmente, já não chegam a cem. Lojas antigas e belas, como a que mostrei aqui há tempos desenhada por Frank Lloyd Wright, e lojas modernas e sofisticadas respondendo a exigências tecnológicas, haverá para todos os gostos neste documentário onde também serão ouvidos os livreiros. Se puder ir, não falte: o cinema também precisa de leitores. (O documentário repete no mesmo local no próximo sábado, às 21h45.)