Livros a arder
Quando pensamos em livros na fogueira pensamos naturalmente na Inquisição e no seu Index, ou em sistemas políticos repressores e ditatoriais, nos quais há sempre centenas de livros proibidos e queimados. Mas, desta feita, os livros na fogueira, os livros ardidos, nada têm que ver com censuras e proibições, mas com os horrorosos incêndios da Califórnia. Sim, é verdade, algumas editoras e livrarias nos arredores de Los Angeles foram apanhadas pelo fogo e, já se sabe, o papel arde depressa e bem; os fogos prejudicaram os proprietários, os autores, os leitores, as bibliotecas de alguns famosos, a cultura em geral... Os donos e o pessoal da Book Soup e da Vroman's, uma livraia e uma editora, respectivamente, segundo um artigo publicado na Publisher's Weekly, foram convidados a afastar-se dos respectivos estabelecimentos e ficaram sem notícias do que aconteceu com eles, mas não esperam já nada de bom. Um ou outro livreiro sabe que a sua loja foi salva pelos bombeiros, mas mesmo assim foi obrigado a mantê-la fechada por vários dias e, não podendo vender livros por esse período, terá outro tipo de prejuízos. Em Pasadena, Santa Mónica, Riverside, Carmel e outros locais da Califórnia, o fogo chegou à porta de muitas casas e devorou livros nas estantes; e, nas livrarias, há muita gente sem saber como recuperar do susto e dos danos (e como vai conseguir pôr tudo de pé depois do rescaldo). Solidarizemo-nos, pois, com os nossos pares californianos, amantes da leitura como nós. O que lhes vale é nos EUA haver uma Book Charitable Foundation para ajudar, enquanto Trump não acaba com ela.