Livros em viagem
Hoje, quando pensamos em militares, mais depressa os associamos a actividades físicas do que a intelectuais. Haverá de tudo, evidentemente. No entanto, entre militares famosos de outros tempos estiveram cabeças muito bem-pensantes, grandes estrategas e gente muito lida. Napoleão, segundo alguns dos seus biógrafos, fazia-se sempre acompanhar de um certo número de livros favoritos para onde quer que fosse. E parece que até concebeu os desenhos de bibliotecas portáteis que acabaram fazendo parte da sua bagagem corrente. Leio esta informação no blogue do escritor e ilustrador Austin Kleon (https://austinkleon.com/about/) que, por sua vez, a divulga a partir das declarações de Louis Barbier, bibliotecário do Louvre durante muitos anos e cujo pai foi o bibliotecário do próprio Napoleão. Conta ele que essas bibliotecas eram uma espécie de caixas com prateleiras dentro, que comportavam cerca de 60 volumes. Feitas inicialmente de mogno, passaram depois a ser de carvalho, por ser uma madeira mais resistente. O interior era forrado a veludo ou cabedal verde e os livros encadernados a pele. Cada um destes «estojos» tinha o respectivo catálogo, que mencionava o número de cada obra para que não se perdesse tempo à procura de um livro. Havia, porém, alguns títulos que Napoleão gostaria de consultar nas suas viagens que não constavam destas bibliotecas por serem demasiado volumosos; então, ele escreveu ao senhor Barbier-pai, encomendando uma biblioteca de 1000 títulos!, na qual os livros, compostos numa letra bonita, fossem impressos sem margens e com capas moles e flexíveis para poupar espaço, abarcando poesia, ensaio, teatro, ficção, religião, história e muito mais. Militares leitores destes já não há...