Livros ilustrados
Tendemos a pensar que os livros ilustrados são só para meninos pequenos e que, quando uma criança os abandona e começa a ler apenas livros de texto, é porque se tornou um leitor independente. Leio no New York Times um artigo de uma especialista, Pamela Paul, que não concorda com isto e tem pena de que os pais privem filhos pré-adolescentes (e até se privem eles próprios) de livros com ilustrações, porque não os considera de forma alguma infantis (embora o possam ser, claro) e diz que frequentemente este preconceito pode acabar por afastar definitivamente as crianças da leitura. Além disso, Pamela Paul diz que os livros com ilustrações fundem duas artes distintas (a literária e a visual), oferecendo duas leituras: a do texto, claro, e a das imagens, que conta uma história paralela, não sendo uma mera tradução do enredo. Depois, as ilustrações contemporâneas, que já não são de meninas lindas e perfeitinhas e meninos certinhos e com a camisa entalada nas calças, ajudarão a que os leitores se identifiquem mais facilmente com as personagens, e isso é o que faz realmente um leitor, a afinidade com as personagens. É também importante o facto de muitas vezes ser o desenho que esclarece sobre determinada palavra difícil ou nova, somando-a ao léxico da criança. Pamela diz que, para fomentar a leitura, não se devem tirar de repente os livros ilustrados às crianças para elas não os associarem às leituras por prazer e associarem depois os livros de texto à chatice e à obrigação. Razões mais do que suficientes para nunca banirmos os livros ilustrados das nossas bibliotecas e estantes, diria eu, que até gosto de ler romances gráficos e tenho alguns livros infantis guardados no coração.