Lixo artístico
Vasco Pulido Valente disse uma vez numa entrevista que adorava ler trash (lixo) – e chamava «lixo» a obras menores, mas decerto bem menos poluentes e fedorentas do que muitas que hoje encontramos publicadas e à venda. As artes não estão isentas de lixo – e o facto de o lixo ter começado a ser difundido junto com a arte faz com que muitos de nós tenhamos, em áreas que conhecemos pior, grandes dificuldades em separar o que é moderno, original e ousado do que é simplesmente – isso mesmo – lixo (que ainda não está na lixeira, mas para lá caminha). Houve, aliás, recentemente um bom exemplo disso. Num museu do Norte da Itália, expunha-se numa sala uma instalação da dupla de artistas plásticos Goldschmied & Chiari, que, segundo li, representava nada mais, nada menos do que o «hedonismo e a corrupção política vividas na década de 80». A obra de arte, intitulada Onde Vamos Dançar Esta Noite?, era composta de duas telas, beatas de cigarro, garrafas de champanhe vazias e papelinhos de Carnaval (vulgo confetti); e, por isso, a funcionária da limpeza, quando chegou ao museu de manhã cedo, calculou que tivesse ali havido festança na noite anterior e apressou-se a limpar… A sala ficou num brinquinho, mas a instalação foi parar a uma lixeira, dizendo talvez alguns que era onde merecia estar. Deixo-vos as imagens do antes e depois, para se divertirem.