Mães e filhas
O tema da relação entre mães e filhas tem sido abundantemente tratado na literatura A nobelizada austríaca Elfriede Jelinek escreveu um romance, A Pianista, que deu origem a um filme extremamente dramático com Isabelle Hupert, mas há um monte de livros sobre o assunto, como Um Amor Incómodo, de Elena Ferrante, Swing Time, de Zadie Smith, Até ao Fim do Mundo, de Maria Semple, Beloved, de Toni Morrison, Assim Era a Solidão, Juan José Millás, Noites Azuis, de Joan Didion, Paula, de Isabel Allende ou Uma Barragem contra o Pacífico, de Marguerite Duras, só para dar alguns exemplos. E a prova de que se trata de uma questão realmente inesgotável é o belíssimo O Meu Nome É Lucy Barton, de Elizabeth Strout, autora que já venceu o Pulitzer e é das mais aplaudidas e conceituadas romancistas norte-americanas contemporâneas. Filha da pobreza extrema, gozada na escola, mal vestida, mal lavada e maltratada, Lucy tem a sorte de, ao contrário dos irmãos, adorar ler e de os livros a levarem um dia para muito longe de casa, geográfica e socialmente falando. Mas a família lida mal com o facto de ela ser e estar melhor do que eles, e o afastamento acaba por durar anos, até ao dia em que Lucy entra no hospital para uma cirurgia que se adivinhava fácil, mas apanha uma bactéria que a deixa à morte. Então, acorda numa bela manhã e vê a mãe sentada na cadeira do quarto a velá-la... Mas como terá chegado a um hospital de Nova Iorque alguém praticamente analfabeto que nunca saíra do seu buraco sujo no Illinois? Eis o que vamos descobrir em O Meu Nome É Lucy Barton. Um romance a não perder, uma escritora a acompanhar. A tradução é de Rita Canas Mendes para a Alfaguara.