Mais curto e mais longo
António Tavares, vencedor do Prémio LeYa com o romance O Coro dos Defuntos e finalista deste mesmo prémio com As Palavras Que Me Deverão Guiar Um Dia, escreveu ainda mais alguns romances, um maravilhoso livrinho de poesia, teatro e ensaios. Mas Mesmo não Indo, o Tempo Vai é a sua estreia no conto e incrivelmente variada: um homem que vive com um relâmpago dentro dele; uma avó com sangue de galinha; uma rapariga que engraxa esculturas de elefantes africanos de madeira e se surpreende quando o sexo deles muda de tamanho; um manicómio que recorre a métodos pouco ortodoxos para recuperar um doente que fugiu; umas botas militares que mudam inesperadamente de pés; um canário numa gaiola pendurada na varanda de um prédio que irrita sobremaneira um vizinho. Estas são apenas algumas das personagens deste delicioso Mesmo não Indo, o Tempo Vai, um conjunto de histórias admiráveis que decorrem em vários tempos e geografias e que ora nos oferecem magia e surrealismo, ora combinam humor com tragédia ou delicadeza com violência. Verdadeiramente imperdíveis, vêm demonstrar que António Tavares tem igual talento para a ficção mais longa e mais curta.