Mal me quer, bem me quer
Hoje será distribuído e posto à venda um belíssimo romance que esteve entre os finalistas da última edição do Prémio LeYa. Chama-se Mal Nascer, escreveu-o o alentejano Carlos Campaniço e conta, alternadamente, a infância de um mal-nascido e a sua vida adulta como médico na pequena vila donde fugiu aos maus-tratos de muitos que lhe queriam mal (entre eles, o padrasto) e aonde regressa muito mais tarde, fugido aos absolutistas (é um liberal assumido), para se vingar. Porém, ao contrário do que esperava, a verdade é que ninguém reconhece Santiago tantos anos depois, nem mesmo os seus piores inimigos; e, pela sua posição, todos o enchem de vénias e salamaleques e até lhe arranjam noiva na rapariga cujos pais foram os principais responsáveis pela terrível meninice que ele teve. Mal-entendidos à parte, a descrição da vida tremenda de Santiago como guardador de porcos e enteado mal-amado numa vila dominada por um latifundiário amargurado com a morte do filho varão e a narrativa dos seus amores por uma rapariga casada que o ajuda no consultório estão cheias de passagens maravilhosas que compõem uma obra com suspense até à última página e cheia de peripécias que nunca deixam quebrar o ritmo. Amanhã, no lançamento, Afonso Cruz apresentará o romance e, aposto, há-de ter muito para dizer. Se quiser, apareça por lá.