Mário Soares, a obra
Como trabalhei alguns anos numa editora de certa forma associada ao Círculo de Leitores, que era quem então publicava os livros de Mário Soares, fui muitas vezes a apresentações por esse país fora com ele, e era sempre um gosto ouvi-lo e ver como tinha tantos admiradores, mesmo entre os mais jovens. Era, além de uma pessoa incrivelmente inteligente, um homem com imenso humor e sempre com um sorriso para toda a gente, nunca mal-encarado. Há uns dias, fez-se na Fundação Calouste Gulbenkian a apresentação do volume zero das suas Obras Completas, que muito provavelmente chegarão aos 20 volumes, já que o antigo Presidente da República era um homem que escrevia muito e, ao que sei, nunca se chegou ao digital. Nessa sessão, contou-se uma história muito divertida. Mário Soares convidou o poeta e artista plástico Mário Cesariny para um evento no Palácio de Belém e este respondeu que não podia ir, pois não tinha um fato escuro nem dinheiro para o ir comprar. Então, o Presidente respondeu-lhe que viesse com o fato claro, até porque, com aquela sua magreza, o fato escuro não devia ficar-lhe nada bem. Agora, sem o homem, leia-se a sua obra.